Reserva Chico Mendes morre aos poucos com desmatamento, crise hídrica e violência

A Reserva Extrativista Chico Mendes é um santuário de biodiversidade e história, mas enfrenta desafios que ameaçam, cada vez mais, a sua existência. Em uma jornada até o coração da Amazônia, a repórter Adrielle Farias se encontrou com Raimundo Mendes de Barros, primo de Chico Mendes e seu ex-companheiro de luta.

Adrielle escreve para o portal Terra uma reportagem que traz o relato de ‘Raimundão’ e revela o temor dos moradores diante da crise hídrica inédita na região, decorrente da degradação ambiental no Acre.

Na reportagem, chama a atenção o alerta para os índices de desmatamento na Amazônia. Nos últimos quatro anos o desmatamento cresceu consideravelmente na Resex, incentivado pelo governo anterior. Fazendeiros passaram a explorar a região, colocando em risco a floresta de quase um milhão de hectares.

Um estudo realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) mostrou que a Amazônia sofreu com desmatamento pelo quinto ano consecutivo, totalizando 10.571 km² de floresta derrubada em 2022, a maior taxa em 15 anos.

Outra ameaça na região foi o PL 6024/2019, proposto pela ex-deputada federal Mara Rocha (PSDB-AC), que tinha como objetivo a alteração dos limites da Reserva Extrativista Chico Mendes. Felizmente, o texto não avançou e foi rejeitado pela Câmara em dezembro de 2022.

Mas o que mais tem preocupado os moradores da Resex é a falta de água. Antes, a água era abundante, mas o desmatamento acelerado vem alterando essa realidade. A concentração de sol na área levou ao ressecamento do solo, afetando não apenas a Resex, mas também a capital do Acre, Rio Branco.

Na reportagem, a geógrafa Daniela Dias, coordenadora do Observatório Socioambiental do Acre, enfatiza que o desmatamento coloca em risco os direitos territoriais e o propósito das reservas extrativistas. Ela destaca a importância de fortalecer a gestão de políticas públicas para garantir a preservação desse espaço único.

Uma Ação Civil Pública (ACP), de autoria do Instituto de Estudos Amazônicos (IEA), que tramita na Justiça Federal do Acre, discute justamente os danos socioambientais e climáticos causados pelo desmatamento no interior da Resex Chico Mendes. 

A ACP, movida contra a União – representada pelo ICMBio e Ibama –, apresenta um laudo que comprova a omissão dos órgãos ambientais em suas tarefas institucionais de garantir a integridade da Resex. Com o desmonte do ICMBio e do Ibama, intencionalmente produzido pelo último governo, a Resex – assim como as demais UCs federais – ficou vulnerável e suscetível à prática de crimes ambientais, o que agravou ainda mais o desmatamento e vem ocasiona a crise hídrica que, além de afetar a população, afeta também a produção de látex, a principal atividade econômica da comunidade. O pedido de indenização é no valor de R$ 283 milhões pelos danos ambientais causados.

A Reserva Extrativista Chico Mendes é um patrimônio do Brasil e do mundo, e protegê-la significa proteger a Amazônia e o bem-estar das comunidades locais. Nesse contexto, é urgente que combatamos o desmatamento que ameaça a Resex e põe em risco não apenas a biodiversidade a estabilidade ambiental, mas também afeta diariamente as populações que dependem dos recursos da floresta para sua subsistência e sustento.

Confira a reportagem completa e os relatos de ‘Raimundão’ no link: AQUI

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