Desmatamento e governança estadual: a importância do segundo turno das eleições

Nós já mostramos por aqui o cenário alarmante do desmatamento na Amazônia Legal de forma geral. Hoje, com a aproximação do segundo turno das eleições, vamos te mostrar como está o desmatamento nos estados amazônicos onde há disputa de segundo turno para o governo estadual.

Na Amazônia, no ano de 2021, os números do desmatamento apresentavam-se extremamente graves. Foram destruídos 10.362 km² de mata nativa, o que equivale à metade do estado de Sergipe.

Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram que o estado do Amazonas e de Rondônia aparecem, respectivamente, em segundo e quarto lugar entre os estados que mais desmataram ao longo de 2021.

O Amazonas desmatou 2.071 km² de mata nativa, apresentando um aumento de 49% em relação ao ano de 2020. Rondônia apresenta cenário semelhante. Em 2021, o estado registrou um desmatamento de 1.290 km² em áreas de floresta. Em relação à 2012, ano da última série realizada pelo Imazon, o número multiplicou mais de seis vezes, correspondendo a 497,2% de aumento.

Para comparar o desmatamento em relação às últimas gestões governamentais nos dois estados, foi realizada uma análise especial. 

No Amazonas, ao considerar os últimos três governos, temos que, na gestão de Wilson Lima, atual governador do estado filiado ao partido União Brasil, que disputa sua reeleição em segundo turno, somente entre 2019 e 2021, houve um aumento de 61% na taxa de desmatamento, que pulou de 1.434 km² para 2.306 km² de florestas desmatadas.

Durante o governo Eduardo Braga, político filiado ao MDB que também está na disputa de segundo turno, entre os anos de 2003 e 2010, a taxa de desmatamento da Amazônia Legal apresentou uma queda de 62%. Em 2003, o estado contava com 1.558 km² desmatados, passando para 595 km² em 2010. 

Em Rondônia, a disputa para o governo foi para o segundo turno com Coronel Marcos Rocha, filiado ao União Brasil, que concorre à reeleição contra Marcos Rogério do PL. Os dois políticos possuem proximidade ideológica com o governo Bolsonaro.

Durante a gestão de Coronel Marcos Rocha, sobretudo nos últimos anos, há inúmeras denúncias que apontam para que parte da floresta amazônica em Rondônia tenha virado pasto. A leniência governamental para com os crimes ambientais vem possibilitando que grileiros e madeireiros avancem com mais força até mesmo sobre Unidades de Conservação e Terras Indígenas, áreas protegidas pela legislação.

A elevação da taxa de desmatamento nos governos mais recentes na Amazônia Legal, em especial nos estados mencionados, acontece tanto por conta do desmonte da política ambiental promovida no plano federal quanto pelos planos de governos locais de fomento ao agronegócio, que têm passado erroneamente pelo enfraquecimento das agendas estaduais de meio ambiente.

Com base nos números dos últimos anos, fica claro que a adoção de políticas para a proteção da floresta não está entre as maiores preocupações dos governos estaduais. Em Rondônia, tanto Rogério quanto Rocha apresentam como prioridade em seus discursos de campanha o fortalecimento do agronegócio. Já no Amazonas, nos últimos quatro anos, o sul do estado se consolidou como um novo polo da pecuária ilegal às custas do aumento de invasões de terras públicas. Na pré-campanha, Wilson Lima declarou publicamente que iria “até às últimas consequências” contra a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) no município de Manicoré.

Tudo isso mostra como é importante conhecer os programas para o meio ambiente quando da escolha de seu candidato, sobretudo no segundo turno. O embate é direto não só entre os políticos como entre a conservação ou a destruição da Amazônia. Então, em 30 de outubro, vá às urnas e vote consciente, o futuro da floresta depende das escolhas de todos nós.

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