A tão debatida questão de como recuperar a Amazônia finalmente tem uma resposta sólida sobre a mesa. Um estudo inovador, denominado “Nova Economia da Amazônia”, elaborado ao longo de dois anos por 76 pesquisadores brasileiros, apresenta uma proposta promissora para a restauração da maior floresta tropical do mundo.
Com um cenário que preconiza uma Amazônia livre de novas hidrelétricas e grandes estradas, a preservação de milhões de hectares de mata nativa e o respeito ao modo de vida das populações que vivem em harmonia com a floresta, a iniciativa demonstra como a região pode contribuir para a redução das emissões de gases do efeito estufa no Brasil e, simultaneamente, oferecer benefícios climáticos para todo o país.
O estudo, inspirado pelo trabalho do renomado cientista Carlos Nobre, especialista em contribuições da floresta amazônica para o equilíbrio climático global, foi encomendado pelo World Resources Institute (WRI), uma organização internacional focada em questões ambientais.
Diferentemente de outras propostas, o projeto da Nova Economia da Amazônia se baseia em fundamentos matemáticos e modelos econômicos, tornando-o uma alternativa realista e viável para substituir a economia atualmente dominada pelo desmatamento, pecuária extensiva, monocultura da soja, grandes hidrelétricas e combustíveis fósseis.
O cerne da proposta está em avaliar o que a Amazônia, com sua floresta intacta e rios fluindo, pode oferecer tanto à sua população quanto a todos os brasileiros. A abordagem multidisciplinar incluiu pesquisadores indígenas, acadêmicos de diversas universidades brasileiras e especialistas em indicadores econômicos. Essa diversidade de olhares permitiu um estudo mais abrangente e inclusivo, que valoriza a economia da sociobiodiversidade presente na região, respeitando a interdependência dos modos de vida das diferentes etnias originárias.
Para alcançar a visão de uma Amazônia viva, o estudo propõe mudanças significativas nas práticas de agricultura e pecuária, priorizando o investimento nas áreas já utilizadas e a criação de mais empregos para a população local. A substituição de hidrelétricas por sistemas de energia solar integrados e o transporte de carga por hidrovias são outras medidas cruciais para a transição rumo a uma economia de baixo carbono.
A mineração, setor essencial da economia amazônica, não é deixada de lado na proposta. O estudo propõe o fim das práticas sociais e ambientais prejudiciais, buscando uma distribuição mais justa dos lucros da atividade entre a população. Além disso, sugere a revisão das isenções fiscais concedidas à mineração e a criação de fundos para a geração de alternativas econômicas mais sustentáveis.
Os resultados desse projeto visionário são animadores: a Nova Economia da Amazônia prevê a criação de mais de 300 mil empregos adicionais até 2050, um aumento anual de 40 bilhões de reais no PIB e a restauração de mais de 22 milhões de hectares de florestas, juntamente com a preservação de 81 milhões de hectares de florestas existentes.
Claro que a implementação dessa transformação exigirá um investimento significativo. No entanto, o estudo demonstra que o dinheiro necessário já existe. A pesquisa destaca que nos últimos dez anos, os combustíveis fósseis receberam subsídios de mais de 1 trilhão de reais no Brasil, enquanto as propostas de recuperação da Amazônia têm um custo estimado de 2,56 trilhões de reais. Redirecionar os investimentos e reformular os fundos constitucionais existentes para a região Norte são passos essenciais para apoiar a mudança estrutural da economia da região.
Além do impacto econômico, é fundamental levar em conta os serviços ecossistêmicos oferecidos pela floresta amazônica. A região desempenha um papel fundamental na regulação climática. Perder esses serviços seria uma catástrofe ambiental, com sérias consequências para a vida humana em todo o planeta.
Portanto, a proposta da Nova Economia da Amazônia é mais do que uma utopia. Ela é uma resposta realista e executável para a recuperação do bioma, contando com a participação ativa das comunidades locais, respeitando a sociobiodiversidade e buscando uma economia de baixo carbono.
Com decisão política e apoio efetivo, essa proposta pode se concretizar até 2050, garantindo um futuro mais sustentável para a região e para o Brasil como um todo. É chegada a hora de agir, proteger nossa maior riqueza natural e construir um futuro próspero para todos.
Fonte: Sumaúma