De acordo com informações divulgadas pela Agência Bori, um serviço que conecta a ciência brasileira a jornalistas, um estudo publicado na última quinta-feira (26) na revista “Science” aponta que cerca de 38% do remanescente da floresta amazônica sofre com algum tipo de degradação, o que provoca tanto ou mais emissões de carbono quanto o desmatamento.
O trabalho é fruto do projeto Analysis, Integration and Modelling of the Earth System (AIMES), ligado à iniciativa internacional Future Earth, que reúne cientistas e pesquisadores que se debruçam sobre temas de sustentabilidade. Os resultados são fruto de uma revisão analítica de dados científicos baseados em imagens de satélite e outras informações publicadas acerca dos impactos das mudanças climáticas na região amazônica entre 2001 e 2018.
Os autores definem o conceito de degradação como mudanças transitórias ou de longo prazo nas condições da floresta causadas por ações humanas. A degradação difere do desmatamento na medida em que este envolve transformações na cobertura do solo; ou seja, no desmatamento, a floresta deixa de ser floresta.
No estudo, são apontados quatro fatores principais de degradação: fogo na floresta, efeito de borda (mudanças que acontecem em áreas de floresta ao lado de zonas desmatadas), extração seletiva (como, por exemplo, desmatamento ilegal) e secas extremas.
Além dos efeitos sobre o clima e das perdas de biodiversidade, os cientistas avaliam que a degradação da Amazônia tem impactos socioeconômicos significativos que devem ser investigados de forma mais profunda futuramente.
“Poucas pessoas lucram com esse processo e muitas perdem em questões de saúde, de qualidade de vida, de se identificar com o lugar onde vivem”, afirma Patricia Pinho, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coautora do estudo.
Em uma projeção feita pela equipe para 2050, os quatro fatores de degradação continuarão sendo as principais fontes de emissão de carbono na atmosfera, independentemente do crescimento ou cessão do desmatamento florestal.
Os autores do artigo propõem a criação de um sistema de monitoramento para a degradação, além de prevenção e coibição do corte ilegal de madeira e controle do uso do fogo. Uma das sugestões é o conceito de “smart forests” (florestas inteligentes) que, assim como na ideia de “smart cities” (cidades inteligentes), usaria diferentes tipos de tecnologias e de sensores para coletar dados úteis a fim de melhorar a qualidade do ambiente.
Foto: Adam Ronan / Rede Amazônia Sustentável
Fonte: Agência Bori
Você pode ler o artigo completo da Agência Bori aqui: https://abori.com.br/amazonia/mais-de-um-terco-da-floresta-amazonica-sofre-com-degradacao-causada-por-humanos-aponta-estudo/