O açaí compõe a bioeconomia da Amazônia. Foto: Getty Images

Bioeconomia na Amazônia depende da integração entre ciência, tecnologia e saberes tradicionais

A integração entre ciência, tecnologia e saberes tradicionais é essencial para o avanço da bioeconomia na Amazônia, aponta um estudo do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam). O levantamento destaca que a falta de conexão entre academia, mercado e políticas públicas limita investimentos e dificulta o aproveitamento do potencial econômico da região, estimado em US$ 7,7 trilhões até 2030, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A pesquisa, financiada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), aponta que iniciativas como a proliferação de biohubs – núcleos de coprodução de conhecimento e inovação – têm potencial para fortalecer cadeias produtivas, estimular soluções sustentáveis e ampliar o acesso a mercados. O modelo já vem sendo adotado por meio de clusters de bionegócios, que facilitam a transferência de tecnologia entre diferentes setores.

Um exemplo citado no estudo é o programa coordenado pelo Idesam em parceria com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Empresas beneficiadas por incentivos fiscais são obrigadas a investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A iniciativa já mobilizou mais de R$ 146 milhões, envolvendo 40 empresas investidoras e 76 projetos nos estados do Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia e Acre.

Além dos hubs de inovação, o estudo ressalta o papel das chamadas “metaorganizações” – redes que conectam diferentes atores das cadeias produtivas. Modelos como o Redário, que articula coletivos de coletores de sementes para restauração ambiental, a rede Origens Brasil, voltada para o comércio justo, e o CocoaAction Brasil, que une produtores e indústrias de cacau, são apontados como exemplos de iniciativas bem-sucedidas.

“Somente ações colaborativas e bem orquestradas são capazes de superar os desafios amazônicos”, afirma Yurik Ostroski, coautor do estudo. Ele destaca a necessidade de modelos de cooperação que envolvam desde bionegócios comunitários até grandes indústrias e centros de pesquisa.

Entre os principais desafios para consolidar a bioeconomia na Amazônia estão a necessidade de adaptar soluções a diferentes setores, como alimentos, fármacos e cosméticos; superar barreiras de governança local; e alinhar interesses em um contexto culturalmente diverso. O estudo também enfatiza o papel do Estado na garantia de infraestrutura básica – como energia, conectividade, transporte, educação e assistência técnica – indispensável para integrar os diversos atores e impulsionar a bioeconomia na região.

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