Nas últimas semanas, as fortes chuvas revelaram os impactos que a crise climática pode gerar na vida da população acreana. A população se viu afrontada pelo aumento dos níveis das águas dos rios e igarapés, que invadiram suas casas, prejudicaram suas produções e causaram estragos inestimáveis.
Com o alto índice de precipitação, o nível do Rio Acre atingiu a marca de 17,18 metros na quinta-feira (30), maior cota desde a cheia histórica de 2015, e deixou centenas de famílias desabrigadas ou desalojadas.
Em Rio Branco, capital do estado, mais de 32 mil pessoas foram afetadas pela inundação. A Defesa Civil Municipal informou que pelo menos 2 mil pessoas estão desabrigadas (precisaram deixar suas casas e necessitam de apoio do governo porque não têm para onde ir) e quase 4 mil pessoas estão desalojadas (precisaram deixar suas casas, mas têm para onde ir).
Além da capital acreana, cidades como Epitaciolândia, Assis Brasil, Brasiléia e Xapuri, também sofrem com os danos causados pelas enchentes. As estradas tiveram seus fluxos comprometidos e a distribuição de energia foi limitada.
O pesquisador Genivaldo Moreira disse para o g1 que “a chuva que causou as inundações foi um evento climático extremo”. Especialistas relacionam tais temporais, atípicos nesta época do ano, às mudanças climáticas, que se agravam a cada dia e expõem a vulnerabilidade dos povos na região amazônica.
O veículo de notícias Amazônia Real destacou, em reportagem publicada na terça-feira (28), o racismo ambiental que a situação revela. Segundo o portal, “a nova enchente extrema provoca danos econômicos e sociais e leva os governos estadual e federal a desenvolverem planos de contingência e campanhas para amenizar a falta de moradias, alimentos, água mineral, material de higiene pessoal, entre outros produtos”. No entanto, citam que a falta de habitação e assistência social para prevenir os danos causados pela crise climática ainda persistem na Amazônia.
Cheia do Rio Acre também atingiu casa de Chico Mendes, em Xapuri
Com as chuvas extremas e a inundação do Rio Acre, as águas chegaram à casa do líder seringueiro Chico Mendes, em Xapuri. A casa, que é Patrimônio Histórico do Brasil e estava sendo restaurada pela Prefeitura de Xapuri, foi alagada e o trabalho terá que ser retomado.
A sede da Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes (Amoprex), que também foi alagada nos últimos dias, teve a sua reabertura na data de hoje (03/04). O presidente da Associação, Cleisson Silva, informou que todos os equipamentos estão sendo colocados na sede e não houve nenhuma perda.
O dano maior, como sempre acontece com a elevação do nível dos rios, é a perda da produção e dos equipamentos das famílias ribeirinhas em Xapuri, Rio Branco e em outros municípios do Estado do Acre.
Campanhas solidárias estão sendo realizadas por organizações diversas para ajudar as vítimas das enchentes. O apoio às comunidades para reorganizar a produção, as moradias, a infraestrutura de produção e para a sobrevivência das famílias até que a situação seja normalizada, o que pode demorar meses, é fundamental. E esse apoio vem de diferentes lugares do país, como a campanha do Creators Academy Brasil em parceria com o Comitê Chico Mendes, que busca arrecadar doações para ajudar as famílias que estão desabrigadas.
O IEA também já realizou uma campanha em Curitiba e enviou caminhões com doações para o Acre em uma das maiores enchentes que aconteceram na história do Estado, no ano de 1987.
O Instituto Clima e Sociedade, instituição que apoia inúmeros projetos na Amazônia nas áreas de Uso da Terra e Sistemas Alimentares, inclusive o trabalho do IEA em Xapuri, fez uma doação para a Comissão Pastoral da Terra no Acre apoiar mais de 120 famílias desabrigadas. Veja no vídeo a seguir:
Fonte: CPT Acre
Fonte: G1 e Amazônia Real