dos varadouros de Rio Branco (AC), por Jornal O Varadouro
O mês de setembro não foi crítico para a população acreana apenas pela poluição extrema do ar ocasionada pelas queimadas. Enquanto não tínhamos o direito a respirar um ar puro e a ver o azul do céu, muita floresta estava sendo levada ao chão. Segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no mês passado o Acre perdeu mais 82 Km2 de sua cobertura florestal.
Entre os nove estados da Amazônia Legal, o Acre respondeu por 15% dos 547 km2 desmatados no bioma. Com isso, ocupou a terceira posição entre os maiores desmatadores, superando Mato Grosso (25 km2) e Rondônia (22 km2) – juntos.
O Acre só ficou atrás do Pará (291 km2) e do Amazonas (87 km2). Juntos, os três estados respondem por 94% de toda a floresta perdida na Amazônia em setembro – um dos meses mais “favoráveis” para a prática das derrubadas e do fogo por conta do período seco. Na comparação com setembro do ano passado, a área desmatada no Acre aumentou 44%.
Somando as áreas desmatadas no Acre entre agosto e setembro, o estado viu desaparecer 210 km2 de Floresta Amazônica. Em igual intervalo de tempo de 2023, perdemos 165 km2. Entre os 10 municípios da Amazônia Legal campeões de desmatamento, Feijó ocupou a segunda posição, com 21 km2. O topo do ranking ficou com Uruará, no Pará, com 27 km2.
A Reserva Extrativista Chico Mendes tamém está entre os destaques negativos do SAD de setembro do Imazon. Entre as 10 unidades de conservação do bioma, foi a segunda mais desmatada, perdendo mais 6 km2 de sua cobertura nativa. Isso para uma UC que também viveu um período crítico entre 2019 a 2022. Com 1 km2 de área desmatada, a Floresta Estadual do Rio Gregório, em Tarauacá, registrou a quinta maior perda de floresta.
Após apresentar uma considerável redução em suas taxas de desmatamento a partir de 2023, o Acre voltou a retroceder neste segundo semestre de 2024.
Entre 2019 e 2022, com o desmonte das políticas ambientais promovido pela dupla Gladson Cameli (PP) e Jair Bolsonaro (PL), o Acre apresentou níveis recordes de devastação da sua cobertura florestal. Segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área da Amazônia levada ao chão durante o primeiro mandato de Gladson Cameli chegou a 3.117 km2.