A Terra Indígena Yanomami (TIY) é o maior território indígena do país. Localizada entre os estados de Roraima e Amazonas, engloba uma área de 9,6 milhões de hectares, onde vivem, aproximadamente, 30 mil indígenas das etnias Yanomami e Ye’kuana.
A região também é uma das mais afetadas por garimpos ilegais. Uma vez instalados, os garimpeiros desmatam, poluem os rios, envenenam os peixes e, ao andarem armados pelas diferentes regiões da TIY, impedem o acesso à caça, importante fonte de proteína para os indígenas, e o seu acesso a atendimentos de saúde.
O governo Bolsonaro não impediu o avanço do garimpo ilegal na região, pelo contrário. Segundo relatório da Hutukara Associação Yanomami (Hay), entre outubro de 2018 e dezembro de 2021, a área total destruída pelo garimpo passou de cerca de 1.200 hectares para 3.272 hectares. De 2020 para 2021, o avanço no garimpo ilegal foi de 26%. O estudo mostra ainda que 56% da população total da TIY é afetada diretamente pela atividade.
Essas ações têm impacto direto nos hábitos alimentares dos povos indígenas, causando fome, propagação de doenças e, consequentemente, a crise humanitária vivenciada atualmente.
No início deste ano, dados obtidos pelo portal Sumaúma revelaram que, durante o último governo, ao menos 570 crianças com menos de 5 anos morreram por causas evitáveis. Na reportagem se afirma que “570 pequenos indígenas poderiam estar correndo, rindo e inventando brincadeiras, neste momento, se houvesse atendimento adequado de saúde ou ações de prevenção”. Ainda, acredita-se que o território tenha sofrido com um apagão estatístico durante o governo Bolsonaro e que a realidade pode ser ainda mais aterradora.
Há décadas, a crise humanitária é agravada no território Yanomami. Mas, neste ano, a divulgação de imagens de indígenas magros e abatidos, entre eles várias crianças e idosos, chamou a atenção do país para a tragédia que vem ocorrendo.
Em visita ao TIY, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhado de oito ministros de Estado, determinou uma série de medidas para lidar com a crise identificada no local, ocasionada, sobretudo, pelo aumento de casos e mortes por malária, desnutrição infantil e problemas de abastecimento. A ministra da Saúde, Nise Trindade, declarou situação de emergência em saúde pública no TIY.
Dentre as medidas, o envio de equipes médicas para reforçar o atendimento em saúde tem sido prioridade, mas, além disso, está prevista a ampliação da capacidade da pista de pouso no território, para facilitar o transporte dos profissionais e dos próprios indígenas. O envio de cestas básicas e suplementos alimentares também foi anunciado, assim a criação de um comitê interministerial para adotar medidas de apoio aos indígenas a partir de um plano de ação, que deve ser apresentado em 45 dias.
A sociedade civil também tem se organiza para prestar apoio aos Yanomamis. Diversas organizações recebem doações para que possam ser enviadas para os indígenas, como a Central Única das Favelas (CUFA) e a Ação da Cidadania.
A Survival, movimento humanitário independente, que lidera a campanha internacional pela demarcação do território Yanomami, juntamente com Davi Kopenawa e a ONG brasileira Comissão Pró Yanomami, orienta, para quem deseja ajudar, manifestar-se exigindo a interrupção do garimpo ilegal e da destruição do território dos Yanomami; no site da iniciativa pode ser encontrada uma espécie de kit para tanto.
O site da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) também disponibiliza canais de atendimento ao público. Nessa seção, é possível contatar o órgão para saber como ajudar de forma mais efetiva, a exemplo do envio de cestas básicas ou algo do gênero.