Esse ano, como parte da COP-27, foi anunciada a Parceria de Líderes para a Floresta e Clima, uma iniciativa para verificar o avanço dos países parceiros na conservação das florestas. Formada por 26 países mais a União Europeia, a parceria não contou com a adesão brasileira, justamente o país que abriga a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia.
Em nota para a Folha de São Paulo, o Itamaraty afirmou que existem foros melhores e mais ambiciosos para “tratar das necessidades dos países em desenvolvimento”.
Tal posição não chega a espantar considerando as ações do último governo, que negligenciou as questões ambientais, apresentando discursos oficiais minimizando a destruição da floresta amazônica e criticando a atuação de órgãos de fiscalização. De acordo com a Folha, “caso o Brasil fizesse parte do novo grupo, os dados mostrariam uma situação de desmatamento tão grave quanto a observada em 2021”.
Ao contrário dessa posição adotada pelo Governo Federal, governadores dos estados amazônicos vêem nas arenas de discussão da COP-27 uma importante oportunidade para buscar recursos de financiamento para o meio ambiente.
Representantes da Amacro, região formada por sul do Amazonas, Acre e Rondônia, marcam presença na Conferência do Clima com o objetivo de adquirir recursos internacionais atrelados à redução do desmatamento. A adoção dessa estratégia é paradoxal ao considerar que houve um aumento expressivo do desmatamento nos três estados.
Atualmente, a Amacro é vista como um dos principais arcos de devastação da Amazônia. Os estados são chefiados por três políticos alinhados com a ideologia bolsonarista, tendo sido reeleitos nas últimas eleições. Gladson Cameli (PP), Acre, Marcos Rocha (União Brasil), Rondônia, e Wilson Lima (União Brasil), Amazonas, são bastante conhecidos pelas plataformas de flexibilização da fiscalização e do licenciamento ambiental, tendo defendido ao longo dos últimos quatro anos o desmantelamento do aparato estatal de comando e controle e as políticas antiambientais do atual Governo Federal.
Como explicar ou justificar então essa posição? Além da busca por recursos financeiros, a presença da Amacro na COP-27 tem a intenção de realinhamento ao futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que os estados têm grande dependência da União e precisam alinhar seus discursos à plataforma do próximo Presidente da República.
Resta saber se o discurso dos representantes dos estados, ainda que em relevante contrariedade com a realidade de aumento da devastação florestal na região, será capaz de convencer a plateia da COP-27 e os potenciais financiadores de ações em prol da Amazônia.
O governo de Jair Bolsonaro (PL) já deixou clara a sua posição, mantendo o Brasil como uma espécie de pária na discussão sobre a conservação florestal. Resta agora a esperança de que a posição oficial brasileira na próxima COP traga um sopro de esperança para a Amazônia.