A Amazônia Legal representa quase 60% do território nacional, com 5 milhões de quilômetros quadrados. Nela, encontram- se os maiores estoques globais de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima, e é também a Amazônia Legal que traz ao Brasil a oportunidade de propor e exercitar um modelo inovador de desenvolvimento que o mundo todo busca.
Pensando nisso, uma rede de mais de 500 lideranças, intitulada Concertação pela Amazônia, lança o documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias”. O documento tem como objetivo instigar e propor políticas e ações legislativas para superar os maiores desafios da Amazônia e dos amazônidas, a serem implementadas pelos governos de transição.
Bruna Lima, articuladora de Política e Advocacy do IEA, esteve presente no seminário para o lançamento do Plano de 100 dias, promovido em parceria da Concertação com a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o Estadão.
Bruna integrou o GT Juventudes que colaborou na escrita do documento e falou sobre como se deu a participação de juventudes de todos os territórios da Amazônia nesse processo, as juventudes das cidades, das florestas e também dos rios. Ela destaca que os jovens protagonizam a luta pela Amazônia e nunca deixaram de ocupar esse espaço. “São essas juventudes amazônidas que continuam segurando a queda do céu, somos nós que protagonizamos todos os processos de enfrentamentos”, diz Bruna.
A jovem cita também o papel das juventudes como agentes das transformações sociais que nós tanto queremos e traz uma reflexão sobre a crise geracional que ocorre na Amazônia, que retira os jovens dos territórios. “Meu convite é para que vocês se juntem a nós para protagonizar esse processo em que nós, juventudes da Amazônia, tenhamos saúde, educação, conectividade de qualidade, infraestrutura e emprego para permanecermos nos nossos territórios, porque sem nós nos territórios a Amazônia continuará sendo desmatada”, declara Bruna Lima.
O documento é divulgado em um momento importante para o país. A própria publicação evidencia que “neste ano eleitoral, a necessidade de reafirmar a democracia arduamente conquistada e os direitos adquiridos na Constituição Cidadã de 1988 ganha força”. Este é o momento em que o país tem a oportunidade de rever o atual modelo de desenvolvimento e semear o futuro.
Para defender a permanência de um Brasil democrático e soberano é necessário o cuidado e a proteção permanente de seus próprios recursos. Essa proteção se estende para as populações, as florestas, a biodiversidade, a riqueza étnico-racial e sociocultural. A ideia é que a Amazônia deixe de ser vista como um problema e passe a ser uma solução para o Brasil, mas isso implica em assumir responsabilidade e lançar uma visão estratégica na gestão desse território, que acima de tudo precisa se traduzir em prosperidade e bem-estar para a população.