Pedro Ramos é Doutor Honoris Causa na UEAP

Pedro Ramos é um líder do movimento social do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) desde a origem, no anos 1980. Quando o CNS começou a trabalhar a criação de Reservas Extrativistas na Amazônia, o IEA passou a preparar as propostas técnicas em parceria com técnicos locais e com o IBAMA. Seminários técnicos foram organizados para definir políticas necessários para os seringueiros e foi nesse momento que Pedro Ramos entrou no cenário. Com experiência sindical e internacional, por ter morado e trabalhado na Guiana Francesa, Pedro começou a organizar a proposta de Reserva Extrativista no sul do Amapá, onde comunidades tradicionais viviam há gerações em terras que foram adquiridas pela Jari sem regularização dos direitos dos posseiros.

A Reserva Extrativista do Rio Cajari foi criada no Amapá em 1990 com apoio político do líder sindical  Tomé de Souza Belo e do técnico José Reinaldo Picanço. E o Projeto de Assentamento Agroextrativista Maracá foi criado em 1997 com o apoio do então responsável pelo Incra no Amapá, Guairacá Nunes. E Pedro Ramos transformou-se em um filósofo do movimento seringueiro-extrativista com capacidade de explicar para diferentes plateias a importância da floresta e do conhecimento que os povos tradicionais detém sobre ela.

E agora essa capacidade e talento de falar e explicar a Amazônia e suas populações foi consagrada ao receber, da reitora da Universidade Estadual do Amapá, Kátia Paulino, o título de Doutor Honoris Causa que nos emociona e orgulha.

Sobre o título, a reitora da UEAP, Kátia Paulino, escreveu em uma rede social:

“Primeiro título de Doutor Honoris Causa da Ueap é para um extrativista e ambientalista! O título de Doutor Honoris Causa foi concedido ao líder ambientalista e camponês, Sr. Pedro Ramos de Sousa.

O título de Doutor Honoris Causa aprovado em sessão do Conselho Universitário é o título mais importante concedido pela Universidade, pois é atribuído a personalidade eminente, nacional ou estrangeira, que tenha se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à Humanidade.

Pedro Ramos nasceu em 27 de novembro de 1940, na Ilha dos Carás, no município de Afuá, no arquipélago do Marajó, Pará, filho de Manoel Raimundo de Sousa (Seu Caetano) e Beatriz Ramos da Paixão. Envolve-se nas lutas por Reforma Agrária no Amapá, especialmente na Região Sul do Estado, juntamente com técnicos extensionistas, agricultores de associações de outras localidades, padres e freiras progressistas e agentes comunitários das Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs). Na ocasião, tem início a discussão para a criação dos Assentamentos Agroextrativistas, da Reserva de Uso Sustentável (RDS) e da Reserva Extrativista (RESEX).

A extensa atuação sindical e a busca de soluções para questões agrárias na Amazônia colocaram-no em contato com o movimento nacional dos seringueiros e sua principal liderança, Chico Mendes. O legado de Pedro Ramos como liderança, sua sabedoria e profundo conhecimento sobre os modos de pensar, agir e ser das comunidades tradicionais fez com que o Sr. Pedro Ramos, durante décadas, fosse um importante interlocutor oficial entre as comunidades e o governo, participando de diversos grupos de trabalho, mesas de negociações, representações e comissões governamentais, nas esferas municipal, estadual e federal.

O título de Doutor de Honoris Causa para o Sr. Pedro Ramos contribuirá, sem dúvida, para corrigir essa tendência, valorizando o conhecimento tradicional e, consequentemente, os seus detentores”. Publicado em 6 de agosto de 2021 por Alcilene Cavalcante.

Para saber mais sobre a rica história de Pedro Ramos, leia o livro do Professor Marco Chagas:

“Mano Pedro. Socioambientalismo, ecologia de saberes e artesanias das práticas na Amazônia”.

Clique no link para acessar o link do livro digital:  http://www2.ueap.edu.br/Arquivos/Postagens/Atualiza%C3%A7%C3%A3o%20site%202021/Mano%20Pedro%20(Digital).pdf

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