Com a chegada do verão no Acre, o estado enfrenta um sério problema ambiental que afeta a saúde da população e agrava a qualidade do ar. O aumento das queimadas, que já se tornou um cenário recorrente, tem ocasionado um crescimento alarmante nos índices de poluição atmosférica.
Dados coletados através de uma parceria entre a Universidade Federal do Acre (UFAC) e o Ministério Público (MP-AC) revelam que a segunda quinzena de julho apresentou números preocupantes, com altas concentrações de material particulado no ar, comprometendo a saúde de moradores de diversas regiões do estado.
No levantamento realizado na terça-feira (25), às 8 horas, os sensores de monitoramento de qualidade do ar instalados no centro da capital, Rio Branco, mostravam índices preocupantes, com 16 microgramas por metro cúbico (µg/m3) de material concentrado no ar. Em outros dois equipamentos da região os índices eram de 11 e 15 µg/m3. As cidades de Manoel Urbano, Senador Guiomard e Acrelândia também apresentaram índices preocupantes, com 21 µg/m3, 14 µg/m3 e 13 µg/m3, respectivamente.
De acordo com o Coronel Cláudio Falcão, coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, a qualidade do ar estava em patamares aceitáveis até a semana anterior, porém, a situação piorou drasticamente a partir do fim de semana. Essa mudança representa um sério risco à saúde da população, visto que o material particulado fino, resultado das queimadas, pode causar danos significativos ao sistema respiratório.
O papel das queimadas no agravamento da situação
As queimadas têm sido o principal fator influente no agravamento da qualidade do ar no Acre durante essa época do ano. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 42 focos de incêndio nos primeiros 14 dias de julho, aproximando-se do total de 48 focos registrados durante todo o primeiro semestre. Até o dia 25 de julho, o estado já contabilizava 110 focos de incêndio, totalizando 158 focos em 2023.
Os municípios mais afetados pelas queimadas durante este mês foram Feijó, com 16 focos, seguido por Cruzeiro do Sul e Tarauacá, ambos com 15 focos. A situação tornou-se tão preocupante que o governo do Acre decretou situação de emergência ambiental no início do mês.
Além das queimadas, o estado do Acre também enfrenta uma seca severa, elevação nas temperaturas e queda na umidade relativa do ar. O cenário climático, aliado ao aumento das queimadas, tornou a situação ainda mais complexa e perigosa para a saúde da população.
Ainda de acordo com o Coronel Cláudio Falcão, as previsões indicavam que a terça-feira (25) foi o dia mais quente do ano até o momento, com temperaturas chegando a 36ºC no fim da tarde. Esse aumento de 16 graus em relação à temperatura matinal, 20ºC, representa um risco adicional à saúde das pessoas. A umidade do ar também é motivo de alerta, chegando a atingir apenas 27% na terça-feira.
O cenário acreano é preocupante, com a população encontrando-se exposta a níveis elevados de poluição atmosférica, o que pode vir a causar sérios impactos à saúde. A gravidade da situação é evidenciada pelos índices de material particulado fino, que têm se elevado constantemente. Medidas emergenciais são necessárias para combater os incêndios e minimizar os efeitos nefastos na qualidade do ar, garantindo um ambiente mais saudável e seguro para todos os moradores do estado. Conscientização e ações efetivas são fundamentais para enfrentar esse desafio ambiental e preservar a saúde da população e a riqueza natural da região.
Fonte: G1 Acre