A Amazônia Legal concentra a maior parte dos casos de violência no campo em 2022. Segundo relatório apresentado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), a região contabilizou 1.107 conflitos apenas no ano passado.
Entre os anos de 2019 e 2022, período do governo de Jair Bolsonaro, o saldo de conflitos registrou uma alta de aproximadamente 30% em comparação aos quatro anos anteriores. Foram registradas 3.462 ocorrências na região.
O relatório mostra ainda que o crescimento dos casos de violência na Amazônia Legal (33,2%) foi o dobro do registrado no Brasil como um todo (16,7%). Apenas no ano de 2022, a região concentrou 59% dos conflitos.
As invasões dos territórios e tentativas de expulsão dos que vivem lá por direito são as maiores motivações para as situações de conflito, mais de 900 casos registrados foram por essa razão. Entre os mais afetados estão os ribeirinhos, os povos indígenas, os quilombolas e outras comunidades tradicionais. As ocorrências acontecem tanto nos territórios reconhecidos oficialmente como tradicionais como em áreas ainda não homologadas.
Além de conflitos e ameaças, a Amazônia Legal também concentra o maior número de conflitos resultantes em mortes. Os dados da CPT revelam que 34 dos 47 assassinatos no campo em 2022 foram registrados na região.
Dom José Ionilton, presidente da CPT, explicou para a Folha de São Paulo que “o avanço do agronegócio vai puxando a violência, assim como o da mineração – tanto aquela dentro da lei, que traz muitos prejuízos para quem vive na Amazônia, e também da mineração ilegal, principalmente o garimpo”.
O relatório da Pastoral da Terra também concluiu que o aumento da violência no campo, em especial na Amazônia Legal, reflete o avanço de alguns indicadores negativos, como o crime ambiental, as invasões a terras indígenas, o aumento de armas na região, o desmatamento e o garimpo.
Considerando esse contexto, ressaltamos a gravidade de um fato recente ocorrido em Belém, Pará. No último domingo, 21 de abril de 2023, o escritório regional do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) foi alvo de um atentado motivado por denúncias relacionadas a grilagem de terras e exploração ilegal de recursos naturais. Essa é mais uma situação se soma ao preocupante quadro de aumento de ameaças a lideranças ambientais na região, uma realidade que precisa ser urgentemente denunciada e combatida.
Fonte: Folha de São Paulo