Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que o desmatamento da floresta amazônica aumentou 14% em relação a março do ano passado.
Em 2023, foram 356 km² desmatados, o terceiro maior número para o mês desde o início da série histórica em 2016. A título de comparação, em março de 2022, foram registrados 312 km² desmatados.
O sistema Deter do Inpe informou, também, que este foi o segundo pior trimestre dos últimos cinco anos em termos de desmatamento na Amazônia. Foram 644,7 km² desmatados entre janeiro e março deste ano.
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, afirmou para o jornal O Globo que é “improvável uma queda do desmatamento ainda em 2023”. Segundo Astrini, considerando que o Brasil realiza a medição do desmatamento anual nos meses de agosto e julho, “faltam apenas quatro meses para fechar os números finais do desmatamento. Isso significa que é improvável uma queda do desmatamento da Amazônia nas taxas finais em 2023”.
Especialistas da área ambiental acreditam que, apesar dos esforços do novo governo, os altos índices revelam que “o Estado brasileiro ainda não conseguiu interromper o crime ambiental e assumir a governança na maior floresta tropical do mundo”.
Eles acreditam que ainda haja uma “herança maldita” do governo Bolsonaro e preveem um processo ainda mais demorado para reverter o ciclo de devastação, além de uma piora na situação nos próximos meses.
Ainda em entrevista para o jornal O Globo, Márcio Astrini e Suely Araújo, ex-presidente do Ibama, disseram que, para reverter a tendência de alta do desmatamento na Amazônia, é necessário o engajamento e a responsabilidade também dos governos estaduais, principalmente daqueles localizados na região conhecida como o ‘novo arco do desmatamento’, que contempla os estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso.
“Considero importante cobrar dos governos estaduais para assumirem sua responsabilidade. A fiscalização ambiental dos imóveis rurais compete primariamente aos Estados e a atuação dos entes subnacionais na Amazônia sempre foi e continua insuficiente”, disse Suely Araújo ao Globo.
Os especialistas alertam, também, para o possível aumento dos índices de desmatamento a partir do mês de abril, motivado pelo fim das chuvas e do chamado ‘inverno amazônico’, quando as chuvas frequentes costumam retardar as ações predatórias e as nuvens encobrem as imagens de satélites.
“No ‘verão amazônico’, que vai de junho a novembro, quando as chuvas são mais escassas, o desmatamento tradicionalmente aumenta, pois é quando o clima fica mais seco e propício para as atividades relacionadas ao desmatamento”, acrescentou o Greenpeace, em nota publicada em março.
Fonte: O Globo