A agência de notícias Mongabay publicou recentemente uma reportagem que mostra que, mesmo produzindo mais de um quarto da energia do Brasil, a região amazônica ainda possui centenas de milhares de famílias que estão fora da rede elétrica e dependem de custosos geradores a diesel para produzir eletricidade.
No entanto, painéis solares e outras fontes de energias renováveis estão transformando a vida dessas comunidades e ajudando na criação de novos empregos.
Esse é o caso da família de Maria de Fátima Batista, moradora da comunidade Terra Firme, que fica às margens do Rio Madeira, em Rondônia. Na reportagem, ela conta que cresceu no escuro, mas, hoje, tem em sua comunidade energia elétrica 24 horas por dia, alimentada por meio de painéis solares e baterias.
Seu filho, Flávio, saiu da comunidade para trabalhar na cidade, mas, quando a energia chegou, ele retornou e, atualmente, atua como barbeiro e pensa em montar um “negócio melhor”.
Entretanto, ao contrário do caso de Terra Firme, para muitas outras comunidades ribeirinhas e indígenas o acesso à eletricidade constante e limpa ainda é um grande desafio. De acordo com dados oficiais, cerca de 425 mil famílias na Amazônia não estão conectadas à rede elétrica e o número pode ser ainda maior, dado que as informações são provenientes do último Censo, realizado em 2010.
O Governo Federal já trabalhou em programas que tentaram resolver a questão do acesso à eletricidade na Amazônia. Primeiro, foi criado o Luz no Campo, em meados dos anos 2000. Depois, o programa foi atualizado e ampliado em 2003, passando a se chamar Luz para Todos.
O Luz para Todos beneficiou mais de 16 milhões de pessoas. Em 2020, foi lançado um programa complementar, intitulado Mais Luz para a Amazônia, criado especificamente para fornecer energia solar a famílias que vivem na região.
Mas, não são apenas iniciativas governamentais que levam luz à Amazônia. Organizações não-governamentais também ajudam a preencher essa lacuna. A WWF Brasil montou um projeto de painel solar na região da Vila Limeira, em Lábrea, no sul da Amazônia. Já o Instituto Socioambiental (ISA) vem trabalhando com as comunidades indígenas do Xingu em um projeto de energia solar. Esses são apenas dois dos exemplos de inúmeros projetos desenvolvidos por ONGs na região.
Especialistas concordam que as políticas públicas de fornecimento de energia elétrica na região também devem ser pensadas para ajudar a gerar novas fontes de renda para essas comunidades.
Rubem Souza, pesquisador da Universidade Federal do Amazonas, argumenta na reportagem que o bioetanol de produtos nativos, como a mandioca, representa uma alternativa melhor. Segundo ele, “você tem a condição de montar toda a cadeia produtiva local, desde o plantio que vai fixar o homem no campo e produzir o etanol, e aí você pode escoar isso para a cadeia de transporte ou para a geração de energia elétrica”.
A reportagem foi publicada originalmente no Mongabay e é a segunda de uma série produzida com apoio do Instituto Serrapilheira.
Leia a reportagem completa no link: https://brasil.mongabay.com/2023/03/como-a-energia-solar-esta-transformando-comunidades-isoladas-da-amazonia/