Mary Allegretti
O presidente do CNS, Júlio Barbosa de Aquino, cumpriu ontem, 02.03.2023, uma agenda de alto nível em Helsinki, na Finlândia, onde está a convite de ONGs com as quais o CNS tem parceria desde a década de 1990.
Júlio foi recebido pelo Ministro de Relações Exteriores, Pekka Haavisto, pelo Ministro da Cooperação para o Desenvolvimento e Comércio Exterior, Ville Skinnari, reuniu com o Diretor para América Latina e Caribe do Ministério de Relações Exteriores, Lasse Keisalo e finalizou três horas de agenda com assessores do Ministério do Meio Ambiente/Unidade de Clima, Tuomo Kalliokoski e Kaarle Kupianen.
A pauta principal das reuniões foi retomar a articulação institucional em dois níveis: de ONG a ONG e do CNS com o governo da Finlândia, com a não objeção do governo brasileiro, como foi feito no passado, agora em um contexto político e institucional renovado com a eleição de Lula e a importância da Amazônia na pauta climática global.
“O momento mais importante para a Amazônia é agora, quando se abre a possibilidade de desenvolver projetos mais abrangentes com os governos e a sociedade civil”, comentou o presidente do CNS. E não se trata de cooperação pontual mas da busca de tecnologia e mercado para produtos da floresta, prioridade do CNS, que vai organizar o 2º Encontro de Sociobioeconomia em Brasileia, no Acre, com a participação da Bolívia e do Peru, em setembro.
Para indicar a viabilidade e o potencial dessa agenda, o CNS entregou uma mensagem escrita por Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – APEXBrasil, sobre o interesse do governo brasileiro em “estimular a bioeconomia dos produtos compatíveis com a floresta que ajudam a proteger a Amazônia e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida dos produtores locais”.
A ideia de parcerias comerciais que levem em consideração o valor da sociobioeconomia amazônica sob proteção de comunidades locais em Reservas Extrativistas é uma perspectiva cada vez mais relevante no mercado nacional e internacional e foi bem-vista pelos interlocutores do CNS. Também indicaram potenciais parcerias de compensação de emissões de carbono quando o Brasil instituir um sistema com regras claras e credibilidade.
Pode parecer exótica a escolha de parceiros tão distantes, geográfica e culturalmente da Amazônia, mas existem, pelo menos, duas boas razões para esse itinerário que Júlio Barbosa e seu assessor, Juan Carlos Rueda, vêm cumprindo. A primeira, tem a ver com a ativa participação do CNS, em 1996, em uma campanha na Europa intitulada Justiça para os Povos da Amazônia quando visitaram a Finlândia e conheceram a KEPA – Finnish Service Centre for Development Cooperation, encontro que deu início a uma cooperação técnica e financeira de longo prazo que viabilizou excelentes resultados para as Reservas Extrativistas.
A segunda forte razão é a possibilidade de renovar as parcerias governo-sociedade civil na atual conjuntura política e institucional nacional e mundial, que foi plenamente acolhida pelos interlocutores do CNS no Brasil e em Helsinki. O início dessa nova fase seria um Seminário sobre a Amazônia, articulado pelos governos da Finlândia e do Brasil, com participação de empresários e protagonismo da sociedade civil, de preferência quando o verão chegar nos países nórdicos.